“Sustentável: adj. Que se pode sustentar, manter; suportável: peso que não é sustentável. / Defensável: opinião sustentável” (Aurélio)
“(..) sustentabilidade é a utilização dos serviços da natureza dentro do princípio da manutenção do capital natural, isto é, o aproveitamento dos recursos naturais dentro da capacidade de carga do sistema”. BELLEN (2004)
Sustentabilidade. Este conceito feito a tona e com ele o de Desenvolvimento Sustentável. Não tem como falar em um sem mencionar o outro. Com o advento da sustentabilidade em alta, novos paradigmas foram criados e almejados para o desenvolvimento. Devemos lembrar aqui que desenvolvimento não teve ser confundido/restringido a crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.
“A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.”
A definição apresentada foi exposta na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
Segundo Henrique Rattner (2009) da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Lideranças:
“Para a definição de desenvolvimento sustentável, foram apontados três critérios: economicamente viável; socialmente equitativo e ecologicamente inofensivo. Ignorava-se, na teoria e na prática, a dimensão ética da vida em sociedade, face à dinâmica "perversa" da acumulação e reprodução do capital e seus impactos devastadores na espoliação e alienação dos trabalhadores e dos recursos naturais1. O raciocínio que postula a prioridade do crescimento econômico como resposta aos desafios do desenvolvimento é falacioso, pois a cada dia aumentam as dúvidas sobre um modelo de crescimento que beneficie a poucos e traga desgraças para muitos1. Em todas as sociedades, as pessoas se tornam angustiadas, frustradas e revoltadas diante da falta de perspectivas e da incapacidade dos governos de atender suas perspectivas de bem-estar”.
Esse conceito representa forma como vivemos em um paradoxo vicioso. De um lado o capitalismo que esgota as fontes de qualquer natureza e finalidade de outro a busca crescente por uma forma de vida que não agrida o meio ambiente. Podemos dizer que o Desenvolvimento sustentável foi uma maneira de resposta a este paradoxo, uma vez que tenta unir os dois lados da moeda e estabelecer uma forma de vida que possa garantir a futuras gerações subsistência que temos hoje. Ou seja é uma premissa para a manutenção de uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.
Como vários autores mostram existe, ainda que tardia, uma solução para a desordem criada pelo próprio homem, o desenvolvimento sustentável pode ser parte desta solução. O crescimento econômico, cultural, social não precisa parar, pode continuar atrelado à sustentabilidade. É inegável que paises subdesenvolvidos necessitam deste crescimento, mas podem fazê-lo não com modelos estabelecidos como os de paises industrializados, mas com modelos que levem em conta estas novas premissas.
O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem. Junte-se a nós!
Rattner (2009) completa dizendo que:
“O modelo presente de desenvolvimento do mundo não é sustentável. Mudanças do clima, perda de diversidade ecológica e cultural, pobreza e desigualdade tendem a aumentar a vulnerabilidade da vida humana e dos ecossistemas planetários. Necessitamos de uma melhor compreensão das interações complexas e dinâmicas entre sociedade e natureza, à luz das relações não lineares, complexas e retroalimentadoras dos processos observáveis. Pesquisas recentes nas áreas da biologia, astrofísica e computação evidenciam que, em situações de caos aparente e de desestruturação, surgem nas bordas do sistema novas formas de organização e interação.”
Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.
Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.
Segundo Bellen (2004):
“O desenvolvimento sustentável depende então de reduzir a destruição ecológica, principalmente através da diminuição das trocas de energia e matéria-prima dentro da economia”.
Para finalizar a conceituação de Desenvolvimento Sustentável temos a metáfora de Teles (2004), ilustra de forma bem clara e simples este conceito e suas implicações.
“(...) somos todos passageiros da mesma nave, ou seja, o planeta Terra tem capacidade limitada de exploração de recursos naturais e absorção de impactos decorrentes sobretudo de lançamento de resíduos. Mesmo que viajemos em condições diferenciadas – uns na primeira classe e outros no compartimento de bagagem – somos susceptível às mesmas vicissitudes, em caso de acidente”.
Ou seja, para que os problemas decorrentes da moderna forma de viver dos seres humanas sejam sanadas é necessário que todos os passageiros desta “nave” sejam conscientes de que podem sim mudar suas realidades através de atitudes simples.
O Desenvolvimento Sustentável é baseado nesta idéia de que tudo pode ser transformada em uma realidade onde o aproveitamento dos recursos pode ser feito de maneira racional e ecologicamente sustentável.
Referência:
BELLEN, Hans Michael Van. Desenvolvimento Sustentável: Uma Descrição das Principais Ferramentas de Avaliação. Ambiente & Sociedade – Vol. VII nº. 1 jan./jun. 2004
RATTNER, Henrique. Meio ambiente, saúde e desenvolvimento sustentável. Ciência & Saúde Coletiva. vol.14 no.6. Rio de Janeiro Dez./2009.
TELES, Luiz Jorge Silva. Águas de lastro e sustentabilidade: identificação de áreas para desastre por geoprocessamento - estudo de caso na Baía de Todos os Santos. UnB-CDS, Tese de Mestrado, Política e Gestão Ambiental, 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário