CAPÍTULO 1: PROJETOS, PLURALISMO E A MODERNIDADE CONTEMPORÂNEA.
No primeiro capítulo Alcântara (2005) faz uma sobreposição das idéias de Manuel Castell com as de Boltanski e Chiapello, ou seja, respectivamente, a Sociedade em Rede com a Sociedade conexionista.
Onde a sociedade em rede de Castells possui as seguintes características: O autor usa referenciais marxistas, Tecnologia é igual a poder e é sinônimo de Sociedade da informação. As ideias de
Boltanski e Chiapello são abordadas abaixo.
Por que o capitalismo sobrevive às crises? O capitalismo incorpora todas as críticas feitas a ele e assim como no pós-guerra os trabalhadores/operários que criticavam o capitalismo foram por ele incorporados. O exemplo do Welfare state. Assim, também será com a Economia Solidária e com o cooperativismo, a institucionalização pode fazer com que o capitalismo os incorpore? Passem a ser parte do sistema? As críticas feitas ao capitalismo pode fortalecê-lo.
Capitalismo: “exigência de acumulação ilimitada de capital mediante meio formalmente pacíficos” (BOLTANSKI E CHIAPELLO, 2002, p. 37 apud ALCÂNTARA, 2005, p. 29).
“Espírito capitalista” divide-se em três fases de acordo com Boltanski e Chiapello (2002):
fase: séc. XIX a 1930: o símbolo é o burguês, a organização é familiar.
fase: 1930 a 1960: centralização, burocracia, grandes empresas, hierarquia, o símbolo é o “diretor”.
fase: após 1960: “capitalismo globalizado” empresa rede, terceirização.
Para Boltanski e Chiapello (2002) o novo espírito do capitalismo (o terceiro) é justificado pela articulação em rede.
Devido capacidade do capitalismo de englobar as críticas, essas são classificadas por Boltanski e Chiapello (2002) em três:
As que desletimiza os espíritos anteriores.
As que obrigam o capitalismo a se justificar como razão do bem comum; desse pode provir um processo de aculturação, ou seja, o capitalismo pega as críticas e usa para se justificar; este é o efeito mais perverso, a crítica fortalece ao próprio capitalismo. EX: Welfare state.
O capitalismo ignora a crítica.
Tipos de críticas:
Artística: contesta o capitalismo.
Social: mostra as consequências do capitalismo.
2 Domingues: uma nova fase da Modernidade
Domingues (2002): teoria social
Teoria social: reflexividade, desencaixe, reencaixe e modernidade de articulação mista
O foco de Boltanski e Chiapello é com o espírito do capitalismo, Domingues (2001) adentra na nova fase da modernidade se focando na expansão do pluralismo e da flexibilidade em várias esferas da vida social.
Para Domingues (2001) a terceira fase da modernidade é por ele chamada de “modernidade de articulação mista”.
O pluralismo abre caminho para a coexistência da liberdade e da solidariedade.
A modernidade não é uma totalidade e sim um processo.
As três fases da modernidade para Domingues (2001 apud ALCÂNTARA, 2005) são:
fase: o liberalismo que tem como elementos: família patriarcal, economia capitalista de mercado, estado liberal, direito formal, cidadania civil e política, esfera pública liberal, individualismo, o direito orientava-se para o passado.
fase: o welfare state, na organização estatal, a maioria dos elementos anteriores se mantém e a eles se acrescentam o crescimento das firmas e a introdução do Fordismo e do consumo em massa, a economia capitalista de mercado permaneceu forte mesmo diante da nacionalização.
fase: a modernidade da articulação mista. Surge da reestruturação do capitalismo o qual adere o caráter flexível e plural.
Como não houve rompimento com a modernidade, logo não podemos afirmar que estamos em
uma sociedade pós-moderna. Não houve “mudança civilizacional”.
Na modernidade de articulação mista de acordo com Domingues (2001 apud ALCÂNTARA, 2005) o estado e a sociedade se tornam mais plurais. A solidariedade se difunde.
“Isso significa de fato que uma mistura mais complexa e a operação conjunta de princípios de coordenação distinto – mercado, hierarquia e rede – tem sido impostos a nossas relações com a natureza e de uns com os outros.”, (DOMINGUES, 2002, P.231 APUD ALCÂNTARA, 2005, P. 50.).
Na modernidade tradicional a racionalização e a liberdade eram questões inquestionáveis.
A modernidade de articulação mista deixa de dar valor fundamental para a liberdade e passa para a crença na responsabilidade e na solidariedade, sem esta não há como desenvolver a liberdade. Pois, o imaginário moderno tradicional não se cumpriu, o qual afirma que a liberdade traria consigo a autonomia, a liberdade aconteceu, mas a autonomia não acompanhou.
3. Redes sociais, reflexividade e subjetividade coletiva
Reflexividade: “a capacidade do homem pensar a sua própria ação e as ações de outros indivíduos.” (ALCÂNTARA, 2005, p. 51).
Reflexividade é um conceito próprio da sociologia e que pode ser definido como: “a reflexividade refere-se ao ‘monitoramento’ que é intrínseco a toda a atividade humana; na modernidade, trata-se de serem todas as atividades sociais suscetíveis de revisão sob a luz de nova ‘informação’ e ‘conhecimento’; a própria reflexão se converte em tópico para reflexão” (DOMINGUES, 2002. p. 60 apud ALCÂNTARA, 2005, p. 51).
4. Teoria social contemporânea e as perspectivas acerca da expansão dos empreendimentos
“Modernidade de articulação mista”: a solidariedade é fundamental para o projeto de autonomia e emancipação.
Sociedade de desemprego: o salário é substituído por renda.
Respostas dos indivíduos ao desemprego:
Mercado informal, Grün (2004).
Empreendedorismo individual: formação de micro e pequenas empresas, benefícios tributário, SIMPLES FEDERAL.
Cooperativismo, que pode ser o tradicional ou o popular, sendo o último baseado nos princípios da Economia Solidária.
Formação de redes
Economia plural: diz respeito ao entendimento de que a economia moderna é formada não por um mais por diversos princípios. E assim ela pode se segundo Laville (2001 apud ALCÂNTARA, 2005) de três formas: economia mercantil, economia não-mercantil e economia não-monetária.
A nova configuração da realidade por essas perspectivas:
O terceiro Espírito do capitalismo + modernidade de articulação mista, ou seja, o terceiro estagio do espírito do capitalismo e da modernidade.
ALCÂNTARA, Fernanda Henrique Cupertino. Economia Solidária: o dilema da institucionalização. São Paulo: Arte e Ciência: 2005.
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